Quarto geoparque Unesco do Brasil pode ser na Região Central

Leandra Cruber

Quarto geoparque Unesco do Brasil pode ser na Região Central
Nesta semana, o Geoparque Quarta Colônia recebeu os avaliadores Helga Chulepin e Ángel Hernandéz, que representam a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), para a missão de avaliação do território. Foram 450 quilômetros percorridos em nove municípios. Para ganhar o selo internacional, foram observadas as belezas naturais das cidades, como a cascata Cara de Índio, em Ivorá (na foto), e avaliadas as formações que contam a história da terra, seja pela paleontologia, com a descoberta de fósseis de dinossauros, geologia, com as rochas vulcânicas ou, ainda, pela genealogia, que nos aproxima de nossos antepassados. Se certificado, o reconhecimento vai garantir uma nova era para o desenvolvimento econômico e turístico da Região Central.

São 9 municípios e 30 atrações da região

Ivorá

Centro Histórico de Ivorá – Ivorá teve sua origem como núcleo de imigração, construído ao norte da sede da Colônia localizada em Silveira Martins, assim,  passou a ser chamado de Núcleo Norte. Posteriormente, como homenagem à maioria dos imigrantes que vieram de Údine, na Itália, recebeu o nome de Nova Údine. Foi apenas em 1º de janeiro de 1939 que o núcleo de imigração passou à categoria de Vila, adotando o nome de Ivorá (que na linguagem indígena significa “Rio da Praia Formosa”).Cascata Cara de Índio – A cascata está localizada na propriedade da Família de Edson Moro, distante aproximadamente 4 km da sede de Ivorá. De fácil acesso, fica escondida em meio à mata que protege o arroio.I Fratelli Moro – A casa antiga, que hoje abriga o restaurante, foi construída por volta dos anos de 1900. Ela foi restaurada, mantendo-se o estilo rústico, e conta com uma decoração com peças de época.Monte Grappa – O Geossítio está localizado a 1,3 km do  perímetro urbano do município de Ivorá, e possui uma altitude de 465m.

Silveira Martins

Monumento do Imigrante – Marco histórico que homenageia a imigração europeia para o território, pois é o local onde os primeiros imigrantes foram alojados provisoriamente em 1876, antes de receberem lotes definitivos em 1878. O monumento atual foi inaugurado em homenagem ao centenário da imigração italiana.Centro Histórico de Silveira Martins – O sítio contempla o patrimônio cultural evidenciado nos monumentos da praça Giuseppe Garibaldi e nos casarios que denotam a imponente colonização de imigrantes que chegaram na região conhecida como Val de Buia, e que hoje forma o município de Silveira Martins.

Nova Palma

Balneário Municipal Atílio Aléssio – Uma atração natural localizada no Rio Soturno, em Nova Palma, com uma paisagem deslumbrante.Centro Cultural Padre Luiz Sponchiado – Inaugurado em 2021, o Centro abriga a Biblioteca Municipal, o Museu Histórico Municipal de Nova Palma, que ainda está em construção, e o Centro de Pesquisas Genealógicas, instituição com acervo documental de mais de 65 mil famílias de imigrantes italianos.

Faxinal do Soturno

Mirante Cerro Comprido – Localizado a 5 km do centro do município, numa altitude de 528 metros, o mirante proporciona uma visão completa de toda a cidade e de parte da região.Ermida São Pio de Pietrelcina – Localizada no alto do Cerro Comprido, esta pequena igreja foi inaugurada em 2004 pela devoção do casal Claudio Casassola e Lourdes Pauletto a São Pio e como forma de agradecimento pelas graças recebidas.Pienezza Café – No alto do Cerro Comprido, em Faxinal do Soturno, é ponto turístico para apreciar o pôr do sol e a paisagem da região.Novo Treviso – O geossítio histórico e culturalmente rico, localizado a 8 km de Faxinal do Soturno, é considerado o seu berço original. Foi neste local que se estabeleceram os primeiros italianos da cidade.Museu Geringonça de Novo Treviso – O museu refaz a história da imigração e guarda uma coleção de utensílios usados pelos primeiros imigrantes italianos.Geossítio Fossilífero São Luiz – É uma das exposições fossilíferas triássicas mais jovens do território, compreende uma série de arenitos rosados e pelitos avermelhados com exposições verticais variáveis (os barrancos mais altos atingem 12 metros).

Restinga Sêca

Termas Romanas – O geossítio Termas Romanas é um spa com quatro piscinas de água salina hipertermal, com dois poços de extração e temperaturas entre 38° e 42°C, oriunda diretamente da Formação Rio Bonito.Estação Férrea de Restinga Sêca – O atual prédio, datado de 1926, foi recentemente reformado e hoje abriga a Secretaria da Indústria, Comércio, Cultura, Turismo, Esporte e Lazer. Possui, ainda, a Sala Iberê Camargo, em homenagem ao pintor e artista nascido na cidade em 1914.

Dona Francisca

Associação Remanescentes Quilombolas Acácio Flores – A associação é considerada a maior entidade pública do município, com 203 famílias afrodescendentes e representação de mais de 600 pessoas, cerca de 20% da população da cidade.Tobogã e Teleférico de Dona Francisca – Este patrimônio foi idealizado para ser um espaço moderno, voltado ao lazer, capaz de expandir a economia e o turismo da cidade, com locais para saborear a gastronomia, comprar artesanato local e contemplar a bela paisagem. Atualmente, o local está em reforma com recursos recebidos de R$ 790 mil.Parque Histórico Municipal Obaldino Tessele – Localizado na área urbana de Dona Francisca, às margens do Rio Jacuí, o parque foi inaugurado em 17 de julho de 1988, com o objetivo de resgatar, preservar e manter ferramentas antigas de trabalho, principalmente agrícolas. O geossítio oferece aos visitantes um panorama cultural da história da imigração do território.

Pinhal Grande

Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Estância do Sobrado – Foi fundado em 1991 para cultivar a tradicional cultura gaúcha. Originalmente, recebeu o nome de CTG Velho Sobrado em referência a um sobrado de 100 anos que pertenceu ao primeiro morador do Pinhal Grande.Usina Hidrelétrica Itaúba – As escarpas que cercam o reservatório, que se juntam ao Rio Jacuí, são de grande beleza e promovem o turismo náutico. Local tem, também, botucatu e dunas congeladas, fenômenos geológicos formados a partir de rochas vulcânicas.

Agudo

Cerro da Figueira – Do alto do Cerro da Figueira é possível ter uma das mais belas vistas da região. De lá, em um dia seco, de sol e com pouca nebulosidade, pode-se ver grande parte do município de Agudo, o vale do Rio Jacuí e parte do território do Geoparque Quarta ColôniaPraça de Agudo (Espaço dos dinos) – Na Praça da Emancipação, no centro da cidade, há um espaço onde estão expostas as cinco réplicas em tamanho real dos dinossauros encontrados no território agudense, como o Bagualossauro Casa da Charlote – A Casa da Charlote é uma Casa Museu para demonstração dos traços arquitetônicos das casas coloniais de estilo pomerano construídas por imigrantes na Colônia Santo Ângelo de Imigração Alemã.

São João do Polêsine

Cappa, Condesus e Escritório do Geoparque – O Condesus foi criado em 5 de agosto de 1996 visando a integração e o progresso dos nove municípios da Quarta Colônia. Já o Cappa é uma unidade de pesquisa ligada à UFSM que abriga todos os fósseis coletados na região. Aberto à visitação a partir de agendamento, o local encanta crianças e adultos.Vale Vêneto – O primeiro assentamento de imigrantes italianos na região em 1878 recebeu o nome da região veneziana do norte da Itália. Os seus edifícios datam da colonização e demonstram influências religiosas.Museu do Imigrante Italiano Eduardo Marcuzzo – Fundado em 1975 para marcar as comemorações do centenário da Imigração  Italiana no Rio Grande do Sul.Restaurante Romilda – localizado em frente à Igreja de Corpus Christi, começou como um bar e se tornou restaurante após sugestões dos próprios frequentadores. Gerido pela família e servindo comida típica italiana.Recanto Maestro – O projeto Recanto Maestro é reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2007, como um local que contribui para atingir os Oito Objetivos para o Desenvolvimento do Milênio (ODM).Museu João Luiz Pozzobon e Casa do Turista – Inaugurado em 1998, a casa onde o Diácono João Luiz nasceu e viveu parte da vida, foi reconstruída e guarda a história e a memória da vida do Diácono e família.

Para conhecer mais sobre o Geoparque Quarta Colônia, como acessar aos atrativos e conhecer mais sobre a história dos geossítios, acesse:

Site – www.geoparquequartacolonia.com.br/Instagram – geoparkquarlacoloniaFacebook – /geoparquequartacoloniaEmail – geoparques.pre@ufsm.br

Endereço do Escritório Geoparque Quarta Colônia

Telefone e WhatsApp – (55) 99176-1816E-mail – quartacolonia@geoparquequartacolonia.com.brEndereço – Rua Maximiliano Vizzoto, nº 598Cidade – São João do Polêsine

Investimentos nos três geoparques  agregaram cultura, saúde e educação

Entre os 176 geoparques da Unesco distribuídos em 46 países, três estão no Brasil. No Rio Grande do Norte, o Geoparque Seridó; no Ceará, o Geopark Araripe; e o Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul. Esse último está localizado em sete municípios do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Gestores de dois geoparques relatam que a experiência de acompanhar atividades e os impactos ambientais, econômicos e sócioculturais onde foram reconhecidos transformou cada região. Fabiano Souza é membro da equipe técnica do Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, e secretário de Turismo de Cambará do Sul. Ele percebe um momento favorável para reconhecer e usufruir dos geoparques:

–  Sou um grande entusiasta do conceito. Estamos em um momento bacana no cenário nacional, agora que mais dois geoparques estão com a chancela e os aspirantes são aqui do RS  (Caçapava do Sul e Quarta Colônia). O que torna mais empolgante é que parece que, enfim, o Brasil entendeu de fato que o “geo” do geoparque não é só sobre geologia, e, sim, sobre “terra”, vindo lá do grego, e envolve todos os aspectos presentes nesse território e as pessoas que nele habitam. E principalmente que o geoparque precisa do envolvimento das pessoas para dar certo, que a comunidade deve abraçar essa estratégia e valorizar aspectos tão incríveis em vários dos campos, como no caso da Quarta Colônia, a paleontologia, a geografia, a geologia, a história e cultura dos imigrantes, etc. Lá, o povo deseja essa certificação por amar seu território e acreditar que ele é especial, como vejo que, de fato, é.

No Ceará, o professor da Universidade Regional do Cariri (Urca), coordenador do Setor de Geocomunicação do Geopark Araripe, Rafael Celestino, trabalha desde 2004 para que o reconhecimento da Unesco fosse alcançado:

– Eu sou geógrafo e doutor em geologia, e, nessa construção, o contexto de geoparques apareceu bem no meio do caminho. Resultado: me apaixonei pelo programa, pelo que ele fornece no sentido de podermos trazer mais resultados sociais, mais envolvimento humano, dentro de uma ciência ainda “literalmente” endurecida que é a ciência geológica. Considero-me um entusiasta porque, antes de tudo, acredito no programa. E estou daqui desde enquanto ainda era um projetinho, em 2004/2005. A gente espera elaborar parcerias no âmbito de geoparques, principalmente entre a Urca e a UFSM. Afinal, os geoparques têm muito disso, de parcerias institucionais. E que a Quarta Colônia tenha esse reconhecimento como quarto geoparque com selo da Unesco.

Caminhos dos Cânions do Sul

Foto: Priscila Ventura (Divulgação)

O Geoparque Mundial da Unesco Caminhos dos Cânions do Sul teve a fase embrionária no ano de 2007, quando 19 municípios faziam parte do projeto. Mas foi em 2017 que o projeto retomou com força total na configuração de sete municípios, como está consolidado ainda hoje. O Geoparque Mundial da Unesco teve reconhecimento somente  em 2022.O tripé básico da estratégia de gestão territorial do geoparque tem, além da geoconservação, o desenvolvimento sustentável e a educação. Dentro do desenvolvimento sustentável, todas as oportunidades que o geoturismo pode atrair levando em consideração os retornos econômicos e, segundo os gestores, é diferente da massificação desenfreada do turismo, o que poderia atingir a conservação. No Caminhos dos Cânions do Sul, a educação foi o principal vetor do contato da comunidade com o conceito do geoparque, com atividades das mais diversas possibilidades e disciplinas que incluíram professores e capacitações por meio de cursos e seminários.Ainda é recente e, assim, torna-se difícil mensurar estatisticamente os impactos após o reconhecimento do então Geoparque Mundial da Unesco. O território que tem Torres (uma das cidades litorâneas mais visitadas do Estado), Cambará do Sul e Praia Grande como expoentes, já estava estruturado para o turismo. Os outros quatro municípios que integram o geoparque (Mampituba, Morro Grande, Jacinto Machado e Timbé do Sul) têm surpreendido por meio de produtos e experiências turísticas ao longo deste ano.

Geopark Araripe

Foto: Acervo Geopark Araripe

O Geopark Araripe, o primeiro das Américas, parte de um projeto em 2004 e está em atuação desde 2006. Foi reconhecido dentro do programa de geoparques em 2006 e, em 2015, a Unesco traz para seu escopo juntamente com dois outros programas: Reserva da Biosfera, com foco na biodiversidade; e o Patrimônio da Humanidade, com viés mais cultural, ambos com forte apelo ao conceito da geodiversidade e da sustentabilidade. O foco inicial era geológico, mas ao longo do tempo, abriu-se para a perspectiva de fazer também um programa de desenvolvimento territorial sustentável.As diferenças desde que o geoparque foi alocado na região foram gradativas e importantes. O Araripe passou a ser um grande articulador territorial com poderes públicos e privados entre os seis municípios que o compõe (Barbalha, Crato, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri). Foram desenvolvidos programas intermunicipais, com governo do Estado, governo federal e terceiro setor. A partir do reconhecimento da Unesco, o Geoparck Araripe passou a integrar um programa do governo de Ceará dentro da então Secretaria das Cidades, o que possibilitou um recorte orçamentário e investimentos estaduais direcionados ao território.Os projetos podem ser desenvolvidos por meio de editais e ações diversas que trazem impactos concretos à região. Entre essas estão a construção de um Centro de Convenções do Cariri, construído com cerca de R$ 10 milhões; o teleférico do futuro geossitio Mirante do Caldas, de cerca de R$ 14 milhões, o Complexo Ambiental, onde são realizados cursos, oficinas, exposições; um borboletário com espécimes nativas da Chapada do Araripe; um hospital regional com investimento de R$ 80 milhões e o Centro Cultural do Cariri, de R$ 54 milhões. Também está em andamento a construção de um geossítio, fruto de uma parceria de uma ONG e um empresário da rede hoteleira, e há perspectiva de ampliação de um aeroporto. 

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